Entretien avec A. J. Greimas

Abstract

Norma Tasca, da Universidade do Porto e editora emérita da Cruzeiro Semiótico, e Claude Zilberberg (1938-2018), do Grupo de Investigação Semio-linguísticas de Paris, realizaram em 1989 a entrevista com Algirdas Julien Greimas (1917-1992), semioticista de origem lituana, formado na França e responsável pelo estabelecimento das bases da Escola de Semiótica de Paris.

A entrevista, inicialmente publicada no suplemento “Cultura e Arte”, do jornal O Comércio do Porto, é primorosa e nos oferece as contribuições centrais das pesquisas de Greimas a partir do texto referencial L´'Imperfection (1987), onde o autor procura demonstrar um método capaz de dar conta do complexo fenômeno da apreensão estética, ligado ao inesperado, ao espanto, ao estupor.

Na ocasião, o autor reitera que o conhecimento já implica a dimensão cognitiva; assim, a racionalidade está na raiz das estruturas elementares de significação. Para Greimas, é pelo caminho do figurativo, pela conjunção do sujeito com o mundo, pelos canais sensoriais, que chegamos a uma espécie de percepção imediata da verdade. Portanto, há este problema: podemos conciliar o conhecimento, o conhecimento por meio do racional e o conhecimento por meio da percepção imediata? Existem “estados de percepção”, como dizemos “estados de consciência”? Essas duas coisas são irreconciliáveis, pergunta o autor.

Esta constatação traz à mente a filosofia eterna, o debate entre afetividade e racionalismo. A entrevista segue com as reflexões de Greimas sobre cotidiano e ruptura, chamando a atenção para o exercício permanente da busca de significado, o que já circunscreve o semioticista à sua realidade cotidiana mais imediata.