Estética lacaniana: Real, simbólico, imaginário

Resumo

“Estética Lacaniana: real, simbólico e imaginário” é o título do artigo da semioticista, psicanalista e criadora do Centro de Estudos em Semiótica e Psicanálise da PUC SP, Samira Chalhub (1943-1998). O texto contempla as reflexões sobre estética presentes nos textos de Lacan.

A partir da compreensão de que a estética obstaculiza o desejo – reflexão presente no Seminário 7 “A ética da Psicanálise” – Samira explicita que a interferência está primeiramente no sentido de censura do inconsciente, ou seja, não relaxar, não ceder à regra da associação livre porque ela faz uma imagem do analista, criando um véu, uma aparência. Fazer uma imagem, ou seja, constituir um eu – em referência ao estádio do espelho onde a estética lacaniana aponta para uma harmonia proporcional na direção do ideal do eu que é o futuro do eu ideal. Trata-se de uma fabulação imaginária, uma ficção, uma imagem à qual o sujeito se apega, uma ilusão.

Já no Seminário 11 Lacan apresenta o conceito de pulsão escópica, com a separação entre o olho e o olhar, a partir da crítica à fenomenologia de Merleau-Ponty sobre o visível e o invisível. De acordo com a autora, o olhar refere-se tanto ao “visível” anamórfico do enunciador como observador quanto ao inconsciente que vê antes do olho (este é o olhar). Samira traça ponderações sobre o olhar e uma teoria da recepção que propõe um lugar de subjetividade para o receptor entre o imaginário estético da performance especular e a pulsionalidade sempre parcial, metonímica, descontínua do grande paradigma de Das Ding (Freud) e da escopia do olhar.

Para finalizar, a autora compreende que os distintos ângulos em que a estética surge nos escritos de Lacan estão relacionados aos três registros, discorrendo assim sobre uma estética simbólica repousada na generalização, uma estética imaginária proveniente do estágio do espelho e uma estética real presa ao sujeito.