Algumas considerações sobre o medo e a vergonha
Resumo
José Luiz Fiorin, semioticista e professor da FFLCH – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, traz o artigo “Algumas considerações sobre o Medo e a Vergonha”, texto que estabelece os princípios de uma de suas contribuições mais relevantes, o estudo da enunciação.
A problemática da enunciação, segundo Fiorin, recobre absolutamente tudo o que é vivido, na medida em que o que se vive é dotado de sentido para os sujeitos que interagem. Assim, esse sentido é produzido pela interação. Tomando como fundamento o conceito de simulacro, o autor explicita sua centralidade nas relações intersubjetivas em todos os domínios da vida social. Os discursos revelam sempre os simulacros que constroem um do outro e um para o outro, ao longo do processo comunicativo, enunciador e enunciatário; eles são sempre sociais. Assim, a análise do discursivo preocupa-se em detectá-los e não em verificar se correspondem, como fazia um certo marxismo vulgar ultrapassado ou uma determinada psicanálise de algibeira, a posições sociais reais ou a um perfil psicológico verdadeiro do enunciador. Na realidade, isso não tem nenhuma importância. Como afirma Fiorin, pouco importa se x é um pequeno burguês ou se y não resolveu seu complexo de Édipo. O que realmente é digno de nota é que os simulacros construídos no e pelo discurso deixam entrever determinações modais e papeis temáticos e actanciais valorizados ou não por uma dada cultura, o que ela permite desejar, o que obriga a temer, aquilo de que faz envergonhar-se. Em síntese, o discurso estabelece que desejos é preciso desejar e que desejos não se pode ter.
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